De onde vem o alimento que estou consumindo? Quantas pessoas estão envolvidas na produção e na distribuição da comida que como? Como esse alimento é produzido? Quanto de processamento e desperdício estão envolvidos no processo? É uma comida sazonal ou de alguma região, ou bioma do meu país? São adquiridos no comércio local, ou de regiões próximas? Essa comida tem algum tipo de selo, certificação ou validação de qualidade?
Nos últimos vinte anos se iniciaram debates acerca de modelos de produção local de alimentos ou de sistemas alimentares locais, bem como a finalidade de estreitar laços entre produtores e consumidores dentro de diferentes contextos regionais, econômicos e políticos.
Isto se deu tanto por conta da preocupação com relação a crescente depredação ambiental, quanto por conta de aspectos econômicos, considerando a criação de oportunidades a produtores(as) locais como resposta às crescentes desigualdades regionais decorrentes da globalização de mercados, sobretudo de ‘commodities’.
A aquisição de alimentos locais engloba aspectos como a manutenção de produção agrícola de pequenos produtores regionais (destacando-se a agricultura familiar), mantendo oportunidades de geração de renda e diminuindo êxodo do campo para a cidade; a exploração de recursos de forma consciente, cuidadosa e sustentável, sem promover desequilíbrios no ecossistema local; o fomento do empoderamento comunitário e incentivo do cultivo de relações pessoais mais engajadas com o bem-estar de quem trabalha e de quem consome, além da melhora considerável da qualidade da alimentação da população, a partir do consumo de alimentos mais saudáveis, nutritivos e frescos.
Os aspectos avaliados em ‘origem’ estão relacionados as dimensões social e ambiental da sustentabilidade.
Quais são os aspectos considerados na avaliação desta dimensão?
Proximidade com o produtor: se dá preferência para a utilização de cadeias curtas na aquisição de ingredientes, sendo ao menos 50% dos insumos adquiridos por até um intermediário (comercial ou logístico).
Modo de produção de ingredientes agrícolas: se adquire ingredientes de produtores familiares cujas produções sejam agroecológicas e/ou orgânicas.
Grau de processamento dos ingredientes: quanto mais insumos in natura ou minimamente processados, melhor.
Diminuição de resíduos: se há iniciativas e processos que visam minimizar desperdícios da etapa de recebimento das matérias-primas.
Valorização da sociobiodiversidade brasileira: se utiliza ingredientes sazonais ou específico de algum bioma brasileiro, ou ainda as consideradas plantas alimentícias não-convencionais (PANC).
Distância de produção: é necessário que ao menos 50% dos ingredientes que compõe o produto certificado seja adquirido em regiões próximas (até 150 km). Diz respeito ao local de produção do insumo e não o local de compra do mesmo.
Consciência: se quem empreende busca utilizar insumos já certificados por alguma entidade com credibilidade, para que a cadeia de produção seja autovigilante e incentivadora de uma forma de produção mais comprometida.